No papel,
pelas medições e pagamentos realizados durante a execução das obras, o
aeródromo de Mambaí (no Nordeste Goiano) já tem 60% dos serviços finalizados. O
que se vê no local, no entanto, é um grande formigueiro no meio do que seria a
pista de pouso, nada de asfalto, erosão na cabeceira, sistema de drenagem
incompleto e um terminal de passageiros totalmente sem piso, aponta laudo
técnico feito em janeiro deste ano.
O governo
estadual, por meio da Agência Goiana de Transportes e Infraestrutura (Goinfra,
na época Agetop), pagou R$ 2,21 milhões em 2015 pela construção, paralisada
desde julho de 2018 e que é alvo de investigações em sindicância e processos
administrativos disciplinares na Goinfra e em procedimento no Ministério
Público Estadual.
A auditoria
da Goinfra apura suposta fraude nas medições, que determinaram a liberação de
parte dos recursos do contrato, que é de R$ 3,68 milhões.
O laudo
técnico realizado em dezembro de 2019 por três engenheiros do órgão, como parte
da sindicância, indica 14 serviços que aparecem nas medições como realizados,
mas que não foram executados.
“Não teria
coragem de botar nem carro nessa pista, muito menos avião”, diz um técnico da
Goinfra que acompanha as apurações. Segundo ele, houve apenas a chamada
imprimação, que é a aplicação de uma camada de material que forma a superfície
para construir o asfalto, e com produto inferior ao que foi contratado. Como
não houve a cobertura, a imprimação se desgastou.
O atual
presidente da Goinfra, Pedro Henrique Sales, diz que, com a comprovação dos
itens inexistentes, haverá a conclusão dos processos e a possível cobrança de
valores à empresa responsável.
pacote
As obras
tiveram início em setembro de 2014, em um pacote do governo de Marconi Perillo
(PSDB) para construção de aeródromos no interior. O prazo estabelecido para
execução era de 120 dias no contrato com a empresa Castelo Construções.
Em dezembro
de 2015, Marconi deu ordem para que o Detran-GO transferisse à Agetop o valor
de R$ 2,213 milhões para pagamento da obra de Mambaí, conforme relatórios das
medições.
A obra ficou
paralisada por anos e foi retomada em maio de 2018, mas novamente suspensa em
julho daquele ano, segundo a Goinfra, já em meio a apurações de
irregularidades.
O contrato
incluía pista de pouso e decolagem, pista de táxi, pátio para aeronaves,
terminal de passageiros e casa de guarda campo.
Mambaí, que
fica na divisa com a Bahia, tem população estimada de 8.882 habitantes, segundo
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A previsão era que o
aeródromo receberia 120 aeronaves por ano e o governo afirmava que a obra
favoreceria a economia e o desenvolvimento da região.
Fonte: O Popular