O governador
Ronaldo Caiado (DEM) sinalizou, em reunião com prefeitos e em entrevista a uma
emissora de televisão e na live que faz diariamente na emissora de rádio do
governo, que vai aumentar nesta semana as restrições de atividades econômicas
em Goiânia e região, no Entorno do Distrito Federal, assim como em algumas
cidades consideradas polos em Goiás ou que margeiam as rodovias federais.
A decisão se
deve ao baixo índice de isolamento anotado no Estado, principalmente na semana
passada, quando em todos os dias o indicador ficou abaixo de 40%. Pesquisas
apontam que o índice ideal para enfrentamento do novo coronavírus (Sars-CoV-2)
é acima de 50%, fato que foi destacado pelo governador durante o dia.
A
preocupação é que, com o porcentual muito pequeno de isolamento por muito
tempo, Goiás tenha um salto no número de casos confirmados de Covid-19 e
internações de pacientes infectados em estado grave, que necessitem de
respiradores e leitos de unidade intensiva de terapia (UTI).
Caiado
também indicou que o governo vai adotar um modelo de “isolamento intermitente”,
em que as medidas restritivas serão reavaliadas semanalmente, seguindo as
estatísticas de cada região referentes ao isolamento em si, mas também ao de
casos confirmados e internações. O governador também demonstrou uma preocupação
com as cidades turísticas, mas sem apontar o que faria especificamente para
estes locais.
Os prefeitos
ouvidos pela reportagem dizem aguardar um novo decreto do governador para
quarta-feira (13) com as regras mais rigorosas para atividades como comércio e
serviço. O presidente da Associação Goiana dos Municípios (AGM) e prefeito de
Hidrolândia, Paulo Sérgio de Rezende (MDB), e o da Federação Goiana dos
Municípios (FGM) e prefeito de Campos Verdes, Haroldo Naves (MDB), afirmam que
a orientação das duas entidades é seguir o que o documento do governo
determinar ou recomendar.
Aos
prefeitos que usem como argumento a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)
para decidir o que pode ficar aberto ou fechado nos municípios, o governo
estadual apontou que irá exigir o cumprimento do conteúdo do artigo 4º do
decreto estadual 9.653, de 19 de abril, o mesmo que flexibilizou as atividades
econômicas.
Nesta parte
do documento, é afirmado que as prefeituras podem adotar medidas de
flexibilização desde que “fundamentadas em nota técnica da autoridade sanitária
local, respaldada em avaliação de risco epidemiológico diário das ameaças e
vulnerabilidades”, chamando a atenção para a possibilidade de intervenção do
Estado nas hipóteses de aumento de casos que possa comprometer a capacidade de
atendimento da região no sistema público de saúde.
Caiado
afirma que a decisão de recuar na flexibilização tem a ver com a baixa adesão
da população às regras de distanciamento social. Em uma live na tarde desta
segunda-feira (11), ele chamou de constrangedor o fato de Goiás ter caído de
uma posição de destaque neste índice para o último do País e afirmou que as restrições
voltam para “não ter as consequências do afrouxamento deste isolamento”.
Nas cidades
mais críticas, o governador afirmou que devem permanecer abertos apenas
hospitais, drogarias, parte do comércio de alimentos “com fiscalização
diferenciada nos supermercados”. Isso porque, de acordo com ele, se estes
estabelecimentos continuarem permitindo a entrada de pessoas sem máscaras e em
grupo “o decreto também vai atingi-los com mais força”, avisa.
Caiado
também afirmou esperar um apoio da população para que a taxa de isolamento
volte a subir. “As notícias não são muito favoráveis, as pessoas estão deixando
de fazer a sua parte no sentido de entender que é fundamental ficar em casa.
Não tem sentido essa movimentação toda”, disse durante entrevista na Rádio
Brasil Central.
Segundo os
prefeitos ouvidos pela reportagem, o governador não indicou exatamente quais
medidas serão adotadas, mas que estava ali consultando os prefeitos e alertando
sobre a situação grave que o Estado pode chegar se as pessoas insistirem em não
ficar mais tempo em suas casas. Existe uma expectativa de que cidades pequenas,
sem nenhum caso confirmado e fora da rota de fluxo ou distantes de municípios
mais críticos permaneçam com a flexibilização como está.
“Com a
decisão do STF, os prefeitos têm autonomia, mas o governador fez um chamamento
para alertar que há locais onde a situação está muito preocupante e precisa,
neste momento, da colaboração dos prefeitos. A coisa é regionalizada e ele vai
sugerir recomendações”, comentou o prefeito Paulo do Vale (DEM), de Rio Verde.
Paulo
indicou que, no caso da cidade que administra, a tendência é manter o
relaxamento do comércio como está. “Aqui o índice de isolamento já é mais baixo
porque nossa principal atividade é a indústria de transformação de alimentos,
que não parou, e nossa curva de casos está achatada”, comentou.
Apoio
baseado na necessidade
O presidente
da Associação Goiana dos Municípios (AGM), Paulo Sérgio de Rezende, disse esperar
do governo estadual um decreto bastante parecido com os primeiros, de março,
mas focado nas regiões mais críticas. De acordo com ele, a maioria dos
prefeitos que participou da videoconferência com o governador Ronaldo Caiado
demonstrou apoio à decisão e que vão seguir as recomendações. “Ele pediu aos
prefeitos que tenham consciência. E os municípios não têm como enfrentar um
avanço do coronavírus, não têm respiradores e UTI”, disse.
Outros
prefeitos afirmam que o governador frisou a preocupação com as cidades do
Entorno do Distrito Federal e da região metropolitana por causa da relação
destas com Goiânia e Brasília, cidades que se destacam pelo número de casos de
pessoas infectadas. “Ele apresentou os números do Entorno e lá foi destacado
que não temos ainda os hospitais prontos para atender aquela população e não
tem como evitar o trânsito de pessoas entre o Entorno e Brasília”, comentou um
prefeito.
O presidente
da Federação Goiana dos Municípios (FGM), Haroldo Naves, afirma que a
orientação é para que as cidades mais críticas sigam a recomendação de Caiado.
Estado é
o pior em isolamento
Desde sábado
(9), Goiás aparece em último entre os Estados no ranking de índice de
isolamento da empresa In Loco, cujos dados de monitoramento por geolocalização
a partir de dados coletados de telefonia celular, são usados por governos
estaduais e municipais e pesquisadores.
Segundo a In
Loco, Goiás só conseguiu alcançar um índice de 50% ou superior em 11 dos 61
dias desde os primeiros casos confirmados de Covid-19 no Estado, em 12 de
março.
A curva do
Estado mostra que o isolamento foi forte entre os dias 21 e 30 de março, mas
foi caindo gradativamente durante o mês de abril, chegando a permanecer abaixo
de 40% durante todos os dias úteis da semana passada e no sábado, véspera do
Dia das Mães. A última vez que o porcentual havia sido tão ruim assim foi no
dia 18 de março, quando começaram a valer com mais rigor as medidas iniciais de
restrição do governo.
Fonte: O
Popular