As
inteligências das Polícias Militares de Goiás e do Tocantins localizaram um dos
suspeitos de ter matado dois advogados no Setor Aeroporto, em Goiânia, em
paralelo à investigação da Polícia Civil. Jaberson Gomes foi morto pelos
policiais na noite do último dia 30 em uma estrada vicinal, entre Porto
Nacional e Silvanópolis (TO), porque teria reagido e atirado contra os agentes
do Estado. Os policiais civis que estavam na região só souberam do fato após a
ação.
A Polícia
Civil havia feito diversas buscas pelos suspeitos dos assassinatos durante o
dia 30 e encontrou um deles: Pedro Henrique Martins Soares, de 25 anos. Ele foi
preso na casa da namorada e confessou ter realizado os disparos. No local foi
apreendida uma arma debaixo de um colchão, possivelmente a usada no dia do
crime, e o celular dele. As roupas que os dois suspeitos usaram no momento dos
homicídios também foram localizadas.
Já com
Jaberson, a PM apreendeu apenas os documentos e a arma que teria sido utilizado
no confronto. O celular dele não foi localizado e o piloto da moto que deu fuga
para ele conseguiu fugir. Um policial chegou a ser baleado e foi socorrido, mas
a bala acertou o colete.
De acordo
com o capitão da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) do Tocantins,
Adson Acácio Pimental, a inteligência da PM de Goiás informou que Jaberson
poderia fugir para a região onde foi encontrado. Uma equipe da agência de
inteligência do Batalhão de Choque, que é onde a Rotam é ligada no Estado,
visualizou dois homens em uma moto e reparou que o garupa tinha características
semelhantes às do fugitivo. Quando os policiais descaracterizados se
aproximaram, a moto teria acelerado. “Como eles empreenderam fuga, parece que
poderiam ser eles mesmos”, relata o capitão. A viatura da Rotam, que estava
próxima, foi então acionada.
Segundo o
militar, houve um primeiro confronto, próximo à estrada vicinal, quando o
garupa atirou contra os militares da inteligência. Em seguida, a moto entrou no
caminho sem asfalto. O piloto teria fugido para o meio do matagal e Jaberson
teria pulado do veículo atirando agora contra a viatura, que tinha alcançado a
motocicleta. O veículo policial teve marcas de disparo. A confirmação da
identidade de Jaberson foi feita depois da morte.
“Não é
intenção nossa confrontar com ninguém, que fique bem claro. Mas por se tratar
de pessoa perigosa e com vasta ficha criminal, ele foi muito violento para cima
da polícia. Quem estava no confronto sabe que foi uma situação bem delicada”,
relata o capitão.
O delegado
Eduardo Menezes, da 1ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado
de Palmas, participou da operação que prendeu Pedro Henrique junto com a
Polícia Civil de Goiás. Ele conta que os policiais investigativos só ficaram
sabendo da localização e morte de Jaberson depois que a informação começou a
circular em grupos de WhatsApp.
“Na verdade,
a única polícia que é responsável pela investigação é a Civil. O que a PM
costuma fazer, até desnecessariamente, é tentar de alguma forma colher
informações”, avalia o delegado. O capitão Acácio informou que a Polícia Civil
do Tocantins foi informada sobre o confronto.
Questionamentos
A reportagem
entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) e com
a Polícia Militar de Goiás e questionou se as informações vieram da PM e se a
PC foi informada antes do confronto. A assessoria da SSP informou que não tem
acesso a inquéritos, que o caso deveria ser visto com a PC. A assessoria da PM
alegou que como o caso é uma força-tarefa, a SSP deveria ser procurada.
Em nota, a
Polícia Civil de Goiás disse que não irá se manifestar já que o inquérito da
morte dos advogados está sob sigilo. “A divulgação de detalhes da investigação
pode causar prejuízos graves à escorreita apuração do fato. Em momento
oportuno, a Polícia Civil dará publicidade às nuanças e responsabilidades
apuradas por meio de entrevista coletiva à imprensa goiana”, diz trecho do
comunicado.
A reportagem
também havia pedido as seguintes informações sobre a investigação: se o piloto
que transportava Jaberson foi localizado; se o celular de Jaberson foi
encontrado; qual era a procedência da motocicleta que ele empreendia fuga; como
os suspeitos teriam tido acesso à moto Yamaha vermelha usada no dia do crime,
já que ela não havia sido roubada ou furtada; se o dono da Yamaha, que não era
nenhum dos dois suspeitos, era investigado.
Os advogados
Marcus Aprígio Chaves, de 41 anos, e Frank Alessandro Carvalhaes de Assis, de
47, foram mortos dentro do próprio escritório na tarde do último dia 28. Pedro
Henrique foi quem apertou o gatilho e Jaberson participou. A Polícia Civil
investiga quem foi o mandante dos assassinatos.
Fonte: O
Popular