O professor
de comunidade kalunga Ozenildo Dias Soares, de 25 anos, pede ajuda para fazer
uma cirurgia no braço esquerdo antes de perder completamente o movimento dos
dedos e da mão. Em 2 de setembro passado, o professor foi baleado por um
policial militar durante uma briga, em Monte Alegre de Goiás, no nordeste do
estado.
A Secretaria
Municipal de Saúde de Goiânia informou, na segunda-feira (4), que o paciente
não possui solicitação de cirurgia, mas sim de consulta com um neurocirurgião,
onde aguarda o surgimento de vaga.
"Não
movimento mais a mão. O médico fez um exame e falou que eu preciso fazer uma
cirurgia urgente para não perder o restante do movimento no braço, que está
cada vez mais piorando", explicou o docente.
Segundo o
professor, a documentação pessoal e os resultados de exames foram repassados
para a rede pública municipal de saúde há três meses, mas segue na fila de
espera.
A advogada
Luciana Ferreira Silva, que defende o professor no processo, disse que a
investigação concluiu que o policial militar atirou em legítima defesa e que o
disparo foi feito enquanto Ozenildo Dias batia no PM com uma garrafa.
"O
policial ficou 70 dias preso e foi liberado e já voltou a trabalhar em outra
região do Estado de Goiás. O processo foi migrado para Justiça Militar. Agora
aguardo a citação do Ozenildo para apresentar a defesa, caso o MP o acuse de
lesão corporal leve", esclareceu a advogada.
Briga na
rua
Em 2 de
setembro passado, a investigação apontou que o policial militar supostamente
agredia um adolescente em uma rua da cidade, quando o professor tentou passar
de carro pelo local. O automóvel do militar teria bloqueado a passagem em toda
a rua e o professor precisou parar.
Ao avistar o
carro do professor, o policial militar teria se dirigido a ele, obrigando o
jovem a descer do veículo. Segundo a defesa do professor, que preferiu não se
identificar, ele recebeu diversas coronhadas do PM no rosto enquanto descia do
carro e, depois, já fora do veículo, foi atingido por tiros no braço.
O relatório
da Polícia Civil, à época, também registrou que o aspirante da PM perseguiu o
professor até o Hospital Municipal de Monte Alegre, onde ele recebia
atendimento médico.
Uma
enfermeira do hospital relatou à corporação que o policial entrou no local
"transtornado, ameaçando matar o professor".
Fonte: G1