O avanço dos
casos de Covid-19 em Cavalcante, no que as autoridades já chamam de segunda
onda da epidemia no Brasil, fez com que a prefeitura local adotasse uma versão
da lei seca estadual ainda mais rigorosa, proibindo o consumo de bebidas
alcoólicas em qualquer horário dentro de estabelecimentos como bares e restaurantes
ou mesmo em espaços públicos como ruas, praças e parques. A medida é válida
desde o dia 1º de fevereiro e vai até o dia 28.
A cidade tem
9,7 mil habitantes, 78 casos confirmados desde o início da pandemia, seis casos
ativos atualmente e 3 mortes e a preocupação do executivo municipal é que só há
disponível para a população no serviço de saúde um único leito de enfermaria e
nenhum de UTI para Covid-19. Os pacientes em estado mais grave precisam ser
deslocados para o Hospital de Campanha de Enfrentamento ao Coronavírus (HCamp)
de Formosa ou Goiânia. “E a gente sabe que estão todos aumentando a lotação,
com menos vagas”, comentou a secretária municipal de saúde Gessélia Batista
Dias Fernandes.
Em
Cavalcante, as pessoas que apresentam pelo menos três sintomas de Covid-19
podem contatar a unidade de atendimento específica para estes casos e solicitar
uma ambulância para deslocamento para exames. “Após os exames, a ambulância
pode levar de volta para a casa ou se for o caso ela fica internada na
enfermaria. Se o caso for mais grave, a gente solicita uma vaga de UTI”,
explica a secretária, dizendo que até o momento os pedidos de internação na
rede estadual têm sido atendidos de forma rápida. “Mas só temos 3 ambulâncias
aqui e não temos uma infraestrutura se os casos aumentarem.”
A cidade
turística no Norte do Estado é bastante procurada por turistas, principalmente
de Goiás e do Distrito Federal, em busca de contato com a natureza e as
cachoeiras. Recentemente, a prefeitura demonstrou uma preocupação com a falta
de previsão de vacina para a comunidade kalunga, por esta não se encontrar na
relação de grupos prioritários do governo federal e, consequentemente, nem da
Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO).
Uma reunião
no dia 18 de janeiro, envolvendo representantes da prefeitura, do Ministério
Público do Estado de Goiás (MP-GO), da Polícia Civil e Militar, do comércio
local e de empresários do turismo resultou na elaboração de um decreto municipal
que coincidiu com o decreto estadual publicado no dia 26 de janeiro baixando
uma versão da lei seca que proibia o consumo de álcool em bares e similares a
partir das 22 horas.
Gessélia diz
que o número de denúncias de pessoas desrespeitando o decreto é grande, o que
fez a prefeitura a aumentar o rigor na última sexta-feira, proibindo a
visitação em qualquer ponto turístico da cidade. “Jovens estavam se organizando
em grupos de Whatsapp para irem a estes locais com bebida alcoólica em horários
estratégicos (para driblar a fiscalização), promovendo aglomerações.
O decreto
municipal também criou a figura da Patrulha Covid, que visita estabelecimentos
comerciais para orientar sobre as novas regras e explicar do risco do
coronavírus e os cuidados a serem tomados. A população também é orientada a
denunciar quem desrespeita a lei seca ou promove aglomerações.
“Infelizmente
é uma guerra porque as pessoas não conseguem entender o momento em que estamos
e só pensam nos lucros e não na saúde, não olham o que pode acontecer se a
epidemia piorar”, comenta a titular da saúde municipal.
As denúncias
são fiscalizadas com apoio da Polícia Militar e, caso confirmadas, podem
resultar em boletins de ocorrência. ”Neste final de semana choveu de denúncias
de aglomerações”, disse Gessélia.
A
expectativa agora é com a chegada das vacinas para os idosos, prevista para
serem encaminhadas pela SES-GO nesta segunda-feira (8). O número exato de doses
ainda era desconhecido pela prefeitura até a noite deste domingo. Até o momento
Cavalcante só recebeu 170 doses, que foram usadas em parte dos profissionais de
saúde da cidade. A comunidade kalunga não vai entrar neste grupo a ser vacinado
a partir desta semana. “Estamos seguindo as orientações do Estado
rigorosamente. Nós precisamos.” Desde o começo da pandemia, os kalungas seguem
com seus espaços fechados para visitações públicas.
Fonte: O Popular