Na última
terça-feira (02) Conselho Superior (CsU) da UEG se reuniu para, entre outras
pautas, votar o Edital do Vestibular 2021/1.
Seria uma
Sessão tranquila e com um fator necessário (o Vestibular), não fosse a
injustiça sem precedentes que aconteceu para alguns campus da UEG, entre os
quais, Campos Belos e Posse, ambos e os únicos do Nordeste de Goiás e que
atendem mais de 20 municípios da região, que pela primeira vez na história
desde que a UEG foi criada, em 1999, não receberão nenhum (repetimos: nenhum) novo
aluno, tendo em vista que, no quadro de vagas de toda a UEG, não foi aprovado
pelo CsU vestibular para estes municípios.
No ano de
2018 a UEG possuía 159 cursos de graduações. Este ano de 2021 serão apenas 89
cursos, uma queda 44% no número de cursos da instituição que ocupa nesse
instante 41 campi em 39 municípios, distribuídos em todas as regiões do estado
de Goiás.
O mais grave
de não ter qualquer ingresso em Posse e Campos Belos é que esta é considerada a
região do estado com o mais baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do
estado. Não há grandes projetos de investimentos em indústrias e outras fontes
de desenvolvimento social e econômico. Além disso, a região abriga um dos
parques nacionais mais importantes do Brasil (a Chapada dos Veadeiros) e do
mundo, um dos maiores complexos de cavernas da América Latina (Parque de Terra
Ronca) e os maiores quilombos do País, entre estes, os kalungas.
Num momento
da história em que o Brasil necessita de mais investimentos em qualificação
profissional, dada a grave crise econômica e sanitária (causada especialmente
pela pandemia da COVID-19), Campos Belos e Posse, e os mais de 20 municípios
adjacentes a estes, seus jovens que sairão do Ensino Médio, não poderão contar
com os cursos da UEG.
Segundo
Marconi Burum, servidor da UEG em Campos Belos e um dos membros do Conselho
Superior que participou da Sessão nesta terça-feira, “a UEG caminha para fechar
seus campi em várias cidades de Goiás, centralizando o ensino superior nos
grandes centros urbanos. Esse é um projeto do Governo de Goiás, que mostra seu
descaso com a UEG. A prova disso é que nós, do CsU, já pedimos ao Governador
que permitisse a eleição para Reitor [que hoje está sob intervenção] e que
devolvesse os 2% da receita estadual ao orçamento da UEG”, destaca. Burum
afirou que a UEG, até 2019, tinha uma rubrica específica constante no artigo
158 da Constituição do Estado de Goiás, o que, se tivesse sido mantida, daria
este ano à UEG um orçamento de 600 milhões de reais. Com os cortes do Governo,
em 2021 a UEG terá pouco mais de 300 milhões, o que representa a metade do
valor. E por isso, a fórmula encontrada pela UEG para sair da crise
orçamentária foi encerrar quase a metade de seus cursos.
“Com esta
votação de ontem do CsU, caminhamos para uma tragédia que será difícil de
reverter. Ou seja: corre-se o risco de vermos em 2 ou 3 anos o fechamento
definitivo das unidades da UEG em Posse e em Campos Belos. A população precisa
reagir”, comenta Burum.
Sobre o
Edital, conforme aprovado na Sessão [que pode ser assistida ao vivo pelo canal
da UEG no Youtube], será publicado oficialmente hoje [3], na página do “Estudo
Conosco”, da UEG.
Assista a
reunião feita pelo CsU da UEG, que toma essa decisão: